17 de outubro de 2013

Em Campos/RJ a educação não é um mar de "Rosas"!

Bruno Otoni
Micheli Borowsky
Militantes do PSTU

   Depois do ato vitorioso do dia dos professores em Campos, muitas matérias, artigos e reportagens foram feitas pela imprensa local. Mesmo com toda a repercussão, o governo municipal insiste em afirmar que já atendeu todas as reivindicações dos profissionais de educação. Alguns jornais claramente governistas chegam a afirmar que “já foi dado vários benefícios como os 10% de regência, aumento de 100% de RET, etc. Mais será mesmo que o Governo Rosinha está fazendo o que pode para melhorar a educação municipal? Vejamos.
   Hoje a cidade de Campos ocupa o pior lugar no Estado do Rio de Janeiro no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o IDEB. Isso se reflete nas péssimas condições em que alunos, professores e funcionários de escolas enfrentam cotidianamente nas unidades de ensino. Hoje, o salário dos professores é muito baixo. A maior parte da folha de pagamento dos profissionais da educação é pago pelo FUNDEB, gira em torno de R$ 1400,00, enquanto a prefeitura só destina do seu próprio orçamento irrisórios R$ 400,00. Mas isso poderia ser diferente! E sabemos que há dinheiro para garantir o aumento do piso da categoria. Há uma lei que estabelece que até 54% do orçamento da prefeitura deve ser destinado para pagar funcionários. Se a prefeita tivesse interesse em aumentar em 100% o piso da categoria, mesmo com essa elevação, ainda estaria longe de ultrapassar o máximo exigido por lei.
   Outro argumento que os Garotinhos se utilizam é a verba do Gdeb, Gratificação para o Desenvolvimento da Educação Básica, seria um incentivo dado aos professores que conseguissem melhorar a nota das suas escolas na prova Brasil e consequentemente na posição do IDEB do Estado. O problema de fundo dessa medida é que ela desresponsabiliza o governo de garantir mais verbas públicas para investir na melhoria das escolas e creches e na valorização dos profissionais de educação. Essa é uma política que implementa a MERITOCRACIA, onde só quem consegue se virar nos 30 vai receber esse abono. Além de promover a concorrência e disputa entre os professores Essa é uma ideologia reacionária que joga sobre as costas dos educadores a responsabilidade, que não é deles, pelo caos em que escolas se encontram em Campos.
   Há uma grande mentira alardeada pelo governo como uma conquista: o aumento do RET para 100%. Isso é um absurdo! Hoje há um deficit de professores na rede e a política da prefeitura, ao invés de contratar mais professores por concurso público, foi a de “otimizar” os professores que existem, fazendo com que eles trabalhem em dobro para suprir a falta de profissionais em sala de aula. Esses educadores recebiam 70% de RET, que significa na prática 70% do seu salário-base, ou seja, o aumento de 100% é só uma correção de uma distorção, pois se um(a) professor(a) dobrar sua carga horária, o justo é o de dobrar o seu salário-base. O governo, com essa medida, não propiciou nenhum direito ao ampliar o valor de 70% para 100%, ele apenas foi obrigado, pela luta da categoria, a garantir o direto que não estava sendo cumprido.
   Para resolver de fato os problemas que hoje levam os professores para a rua, como foi o dia 15/10, é necessário investir verbas públicas na educação. O próximo passo que temos que dar é cobrar da câmara dos vereadores, no dia 22/10, a aprovação de 25% do orçamento destinados para a educação. Hoje, a proposta do governo para a educação municipal é de 326 milhões de um orçamento de 2.484.532.000,00 bilhões, ou seja, a prefeitura não está investindo nem o mínimo exigido por lei que seria 621.133.000, que equivale a 25% do orçamento para educação.
   Sabemos que os vereadores Rafael Diniz PPS, Nildo Cardoso PMDB e Marcão do PT se colocaram contra, juntamente com a categoria, ao aumento de 10% de regência que não contempla a pauta dos educadores, assim como nenhuma gratificação representa ganhos reais aos trabalhadores. Porém, não basta votar contra! É preciso colocar seus mandatos à serviço da luta dos profissionais da educação. Por isso os chamamos a assumirem a luta pela aprovação de no mínimo 30% do orçamento de 2014 para a educação e também que eles garantam que os representantes do Movimento Educadores de Campos em Luta-CSP_CONLUTAS possam fazer uso da palavra no dia 22/10, na sessão que terá essa votação, já que a Majoritaria da CUT e CTB, além de não representar a luta que a categoria vem protagonizando, também atua contra os educadores como foi no dia 23/09  na SMECE, onde traiu a categoria ao inviabilizar a negociação com a prefeitura.
   Para conseguir dar uma reviravolta na educação de Campos é preciso continuar a luta nas ruas e na base das escolas e creches, porque do governo dos Garotinhos, seus secretários e os burocratas governista da CUT e CTB não podemos esperar nada. E nós, do PSTU estaremos ombro a ombro com os educadores defendendo:

Reajuste do vencimento básico, já!
Eleições diretas para diretores, já! Não a lista tríplice!
Revogação do contrato com a Expoente, por autonomia pedagógica para os educadores!
30% do orçamento para educação pública, já!
Educação pública, gratuita e de qualidade!
Fora Marinéia!
Fora Cabral, Garotinhos nunca mais!
Só a luta muda a vida!
Nem direita, nem PT trabalhadores no poder!