A farsa da redução, vereadores de Campos dos Goytacazes continuam com salários altíssimos!


   Nessa última terça-feira dia 22/01 a Câmara de Vereadores de Campos de Goytacazes por unanimidade votou a redução em 9% dos salários dos parlamentares, seus assessores e cargos comissionados. Qualquer trabalhador mais desavisado poderia se deparar com a manchete “Vereadores de Campos reduzem seus salários” e imaginar que em nossa cidade, na contramão da maioria das cidades brasileiras, os parlamentares dão exemplo.
   Aliás, é o que afirma o presidente da câmara, vereador Edson Batista (PTB), que para ajustar o orçamento da câmara diz que o exemplo deve partir dos parlamentares para justificar a redução de salários dos assessores e comissionados. Concordamos com o presidente que o exemplo deva partir dos vereadores, mas, reduzir um salário de R$ 15.000,00 em 9% não é exemplo para nada.
   Vale lembrar que no ano de 2012 os próprios vereadores reajustaram seus salários em 61,8% chegando aos exorbitantes R$ 15.000,00. Enquanto isso professores e servidores municipais como técnicos e fiscais de transito recebem em torno de R$ 1.550,00. Com tamanha discrepância de vencimentos entre parlamentares e servidores municipais a proposta de redução de 9% nos salários dos vereadores parece muito mais um teste à inteligência dos trabalhadores e da juventude campista.
    Enquanto os vereadores custarão aos cofres públicos 4,4 milhões de reais (apenas com seus salários e já com a redução de 9%, lembrando que o orçamento total da Câmara em 2012 de 24,6 milhões de reais), professores e servidores municipais amargaram um minguado reajuste de apenas 5,1% em seus salários. O custo dos salários dos vereadores é o dobro do que foi gasto com meio ambiente em 2012 (2,2 milhões) e o custo total da câmara de vereadores representa metade do total gasto na secretaria de saúde (47,1 milhões).
   Apesar dos altos valores apresentados a realidade em que vive a população campista não é nem um pouco próxima desses números. A educação ficou em último lugar na classificação do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) no Estado do Rio de Janeiro, a população amarga em longas filas de espera nos hospitais e o transporte público é caótico. No mesmo momento em que a câmara decide sobre o salário dos vereadores, os trabalhadores da empresa de transporte público Tamandaré estão paralisados por não receberem salários a mais de 2 meses e não terem recebido 13.º salário. Enquanto os políticos se autorizam salários astronômicos, a população sofre com os péssimos serviços e os baixos salários.
   O PSTU defende que não basta os vereadores reduzirem seus salários em 9%. É preciso que os salários dos parlamentares e da prefeita Rosinha Garotinho não sejam superiores aos salários da maioria do funcionalismo público municipal, ou seja, R$ 1.550,00. Se os salários dos vereadores forem equiparados ao dos servidores municipais será possível, por exemplo, triplicar os investimentos no meio ambiente ou aumentar em 90% os ínfimos 5 milhões gastos na manutenção das escolas municipais com material permanente e de expediente. Mas, para que esses investimentos tenham efetivamente a possibilidade de aumentos significativos e para que as receitas do município sejam aplicadas nas necessidades da população pobre e trabalhadora de Campos dos Goytacazes, também é necessário que sejam reduzidos pela metade os cargos de assessoria e os cargos comissionados.
   A sofrida população de Campos está cansada da farra com o dinheiro público e os royalties do petróleo que acontece ao mesmo tempo em que se depara com a pior educação do Estado, uma saúde pública caótica, um péssimo transporte público e o crescente desemprego. Mas, para barrar essa situação é preciso que os trabalhadores e a juventude se mobilizem e cobrem dos poderes legislativo e executivo municipal uma inversão na lógica dos gastos do dinheiro público. O PSTU se coloca a inteira disposição da população campista e dos movimentos sociais de nossa cidade para que possamos construir nas ruas uma proposta que verdadeiramente atenda as demandas dos trabalhadores e da juventude de Campos dos Goytacazes.
   No entanto nossa cidade não é uma ilha. Os desmandos e regalias de prefeitos e vereadores é apenas o reflexo de uma mesma realidade que como um efeito dominó começa na presidência da república, passa pelo congresso nacional, governos estaduais e assembleias legislativas. A farsa da redução dos salários dos vereadores campistas é apenas a continuidade do exemplo que é dado desde Brasília. E só pra lembrar, diferentemente dos trabalhadores, presidente, deputados, governadores, prefeitos e vereadores não trabalham 5 dias por semana nem 8 horas por dia, além disso não precisam contribuir 30 anos com a previdência para se aposentarem.
    O PSTU propõem uma verdadeira redução de salários aos parlamentares campistas:
- Redução imediata dos salários dos vereadores ao patamar dos servidores públicos municipais, R$1.550,00;
- Redução pela metade dos cargos de assessoria e comissionados;
- Imediata transferência dos recursos economizados com a redução para a educação, saúde e meio ambiente.