Só com luta teremos nossos destinos em nossas próprias mãos

   No último dia do mês de julho, o PT reafirmou, em nota oficial, sua parceria com o PMDB e que a intenção do partido é reeditar, para 2014, a dobradinha Dilma Roussef e Michel Temer, numa clara demonstração de que o PT não se importa com o clamor que vem das ruas, onde milhares de pessoas se dispuseram a lutar por mudanças no sistema econômico que é aplicado hoje em nosso país.
   No entanto, companheiros de organizações, como o MST, vem atuando de modo a tentar construir condições propícias para se gerar apoio ao governo Dilma. Tanto que acontece hoje, dia 05 de agosto, em São Paulo, uma plenária nacional dos movimentos sociais e tendo como pauta prioritária a proposta, elaborada pelo dirigente do MST João Pedro Stédele, de realização de um plebiscito popular” entre os meses de setembro e novembro. A proposta do plebiscito seria de convocar uma Constituinte exclusiva para promover as reformas políticas. A pergunta do plebiscito seria: “você aprova a convocação de uma Assembléia Constituinte exclusiva, a ser eleita pelo povo, de forma independente, para fazer as reformas políticas do país”?
   Deste modo e com o argumento de que “é muito difícil arrancar, neste momento, conquistas, mesmo de pautas mais econômicas”, o MST parece ignorar o fato de milhares de pessoas terem ido às ruas conscientes de que só a luta poderá possibilitar a construção de um mundo melhor e que essas milhares de pessoas viram que é possível vencer neste processo de lutas. Pois não dá para ignorar que a luta nas ruas fizeram os governos recuarem no aumento das tarifas dos transportes coletivos. No Rio de Janeiro, por exemplo, Sérgio Cabral ventilou até a possibilidade de rever a privatização do Maracanã.
   Ignorar estas vitórias parciais, porém importantes, é relegar a luta a segundo plano e subestimar as conquistas do movimento nas ruas, além de ser uma tentativa de substituir todo o processo de lutas e suas pautas por uma proposta burocratizada e com o objetivo de salva guardar o governo do PT e, consequentemente, seus aliados.
   Os movimentos de luta nas ruas tem pautas claras, como: a redução dos salários dos políticos; a prisão e o confisco de bens de corruptos e corruptores; proibição de financiamento das campanhas por empresas; revogabilidade dos mandatos; investimento de 10% do PIB na educação pública; que a Dilma pare de dar dinheiro para o agronegócio e invista na reforma agrária, dentre outras medidas. E não é necessário plebiscito para reafirmá-las, pois a população já está de corpo e consciência presente nas ruas e exigindo a implementação destas medidas.
   Um plebiscito, infelizmente, só servirá de cortina de fumaça, para tentar desviar os trabalhadores da luta que pode - e deve - obrigar o governo a mudar o modelo econômico que aplica hoje, que atende tão somente aos interesses dos bancos e grandes empresas.
   A proposta de realização do plebiscito, na verdade, serve para por um freio na luta que está sendo realizada nas ruas, assim, reduzindo todo o movimento a uma insípida e estéril pauta única, ao invés de inflamar ainda mais a ofensiva dos movimentos de massas e exigir, por exemplo, que Dilma suspenda o pagamento da dívida externa e interna para que os recursos possam ser investidos em políticas capazes de melhorar a vida do povo. Ao invés de exigir plebiscito, chamamos os companheiros do MST a exigirem que as pautas dos movimentos, que se iniciaram nas jornadas de junho, sejam implementadas.