Mais uma vez os trabalhadores e a
juventude do Rio de Janeiro fizeram história. Mais de 50 mil pessoas foram às
ruas. Esta foi a resposta dos trabalhadores e do conjunto da população aos
ataques à educação e contra a repressão policial comandada por Paes e Cabral. A
manifestação, a maior ocorrida desde junho, desta vez foi organizada e
encabeçada pela poderosa categoria dos educadores.
Desde o final da tarde de ontem, por
volta das 16 horas, milhares de manifestantes ocuparam e foram tomando as ruas
do centro da cidade. “Fora Cabral” e “Fora Paes” eram as palavras de ordem mais
cantadas por profissionais de educação de todo o estado, bancários,
petroleiros, inúmeras outras categorias e estudantes. O fim da repressão e a
desmilitarização da PM também eram exigidos pelos manifestantes durante todo o
ato em apoio aos educadores.
O processo de lutas que os
profissionais da educação vêm protagonizando desde setembro ganha cada vez mais
força. Além da enorme manifestação, outras iniciativas apoiam a pauta da
educação pública. Recentemente, nas redes sociais, diversas atrizes famosas
prestaram sua solidariedade aos educadores grevistas postando fotos com
uniformes das escolas da rede pública. Escolas da rede particular de ensino,
como Oga Mitá, Ceat e Edem, também aderiram ao movimento, encerrando suas
atividades mais cedo e convocando a participação da comunidade escolar. Em São
Paulo e Belo Horizonte também ocorreram manifestações em solidariedade à luta
dos educadores do Rio.
O apoio de diversos setores dos
movimentos sociais e da imensa maioria da população demonstra categoricamente
que os educadores ganharam a disputa contra Eduardo Paes e Sérgio Cabral sobre
os projetos de educação pública para o estado e o município. Os governos,
desesperados, seguem atacando os profissionais da educação com o aval do
Tribunal de Justiça, que restringiu o direito de greve da categoria,
autorizando o corte de salários e prevendo multas ao Sepe.
Nos próximos dias será fundamental
manter o apoio à greve dos educadores, cercando-os de solidariedade ativa e
somando com as outras lutas que estão em curso na cidade.
Que papel cumpriu o Black Bloc?
Ao final da vitoriosa manifestação, o
Black Bloc, de forma isolada, depredou bancos e a Câmara Municipal,
desencadeando uma violentíssima repressão policial, com o uso da Tropa de
Choque e do BOPE. O Sepe convocou uma reunião de organização do ato, convidando
todos os setores envolvidos – inclusive o Black Bloc – onde as ações da
manifestação foram democraticamente decididas. O Black Bloc não compareceu à
reunião e ao final da manifestação realizou as ações que sequer haviam sido
discutidas. Esta é um atitude anti-democrática e que passa por cima dos
tradicionais métodos da classe trabalhadora.
Obviamente não se deve imputar ao Black Bloc qualquer culpa pelo caos na educação pública e tampouco pela truculência já habitual da polícia. A responsabilidade é exclusiva dos governos municipal e estadual, que orquestram suas políticas em detrimento dos interesses da população. A manifestação de ontem, contudo, prova que não são as ações isoladas que trazem a população para as ruas, mas sim a organização das categorias e da juventude, que deliberam democraticamente em seus fóruns os rumos e as tarefas do movimento.
Obviamente não se deve imputar ao Black Bloc qualquer culpa pelo caos na educação pública e tampouco pela truculência já habitual da polícia. A responsabilidade é exclusiva dos governos municipal e estadual, que orquestram suas políticas em detrimento dos interesses da população. A manifestação de ontem, contudo, prova que não são as ações isoladas que trazem a população para as ruas, mas sim a organização das categorias e da juventude, que deliberam democraticamente em seus fóruns os rumos e as tarefas do movimento.
O que é mais eficaz na luta contra Cabral e Paes? A ação isolada de uma minoria ou a presença de 50 mil pessoas marchando pelas ruas de centro? |
A postura defensiva da polícia na
noite de ontem, quando não havia efetivo policial acompanhando a manifestação,
é fruto da pressão popular desencadeada pela repressão à manifestação do dia
1º, e à desocupação da Câmara Municipal no dia 28 de setembro. As ações do
Black Bloc, no entanto, acabaram possibilitando a brutal repressão policial,
que teve reflexos para os moradores da Lapa, Bairro de Fátima e região. A
cobertura da imprensa sabotou a vitoriosa manifestação, mostrando a conflito
entre este grupo e a polícia, ao invés de noticiar o ato em si.
A luta pela educação segue
Na tarde de hoje a assembleia dos
profissionais da educação da rede estadual votou a continuação da greve.
Amanhã, dia 9, haverá assembleia da rede municipal que discutirá também os rumos
do movimento.
Somos todos educadores! Fora Cabral e
vá com Paes!